Quem já viajou no inverno de carro, em local que neva, sabe que andar em grandes rodovias não tem nenhum problema! As estradas são limpas com tratores e os administradores jogam sal nos piores pontos. Contudo, quando o passeio inclui estações de esqui, cidadezinhas menores ou a travessia de serras, a coisa pode ficar mais complicada.
Do Brasil tentamos alugar um carro 4 X 4 com pneus de neve. Já passamos bons "perrengues" para saber a importância disso. Conseguimos apenas um Nissan, sem tração, com pneu teoricamente para todas as estações e uma caixa com duas correntes (ALAMO)!
Em Istambul, no trajeto para Ankara e de lá para a Capadócia não tivemos problemas, apesar da neve empilhada em todos esses lugares. Nem sabia que na Turquia nevava tanto assim! O problema começou quando chegamos na Capadócia. Estávamos em um hotel nas pedras e para chegar até lá tinha muitas ladeiras, neve e precipícios!
Na primeira descida, o carro começou a deslizar e não parava! Estresse total, o meu coração quase saiu pela boca. Andamos mais um pouco na cidade, mas quando vimos que o passeio para o norte teria muitas subidas e descidas resolvemos colocar as correntes. Vamos deixar claro que eu já queria colocar as correntes no primeiro minuto, mas encontrei resistência porque o Tomas não é um grande colocador de correntes!
Paramos em um estacionamento e ele começou a tentar desenrolar as correntes. Cena indescritível!!! Ele sacudiu aquela corrente de todas as maneiras que uma corrente pode ser sacudida, e nada. Para melhor compreensão dessa história, preciso dizer que o povo turco é muito gentil. Nossa sorte! Um senhor compadecido com aquela cena, veio ajudar. Depois dele, mais um e em alguns minutos as correntes estavam colocadas.
Em defesa do Tomás, é super difícil colocar aquele negócio!. Os senhores gozaram do Tomás porque ele entregou uma espátula junto com o kit das correntes e eles perguntaram se ele não sabia que a espátula servia para tirar a neve do vidro! Rindo ele disse que no Brasil não temos neve!
Bom, as correntes salvaram o nosso dia! Passeamos com segurança por todo o norte, sempre com a chatice de andar a 50 km por hora quando a estrada estava sem neve. No dia seguinte íamos para o sul e de lá para Konya. Descemos a ladeira de corrente, mas tiramos quando chegamos no plano.
Bom, tiramos mais ou menos. Eu fiquei no carro e o Tomas foi tomar as providências. Teoricamente tirou os ganchos e depois deu uma ré para as correntes ficarem no chão. O problema é que ele não soltou todos os ganchos e as correntes ficaram enroladas nos pneus!!! Tragédia!!! Encrenca!!! Ele tentou resolver e, como não conseguiu, foi chamar um especialista.
Tiraram a nossa corrente. O Tomás tinha esquecido de soltar um dos ganchos! Ufa enfim sem correntes!
Mas a história não acabou! A última cidade do passeio do sul era Belisirma. Uma cidade em uma vale congelado! Para descer, sem corrente, já foi complicado, mas lá a coisa piorou!
Na saída do restaurante o Tomás já atolou o carro e precisamos de muita ajuda para conseguir sair dali. O dono do restaurante teve que pegar terra para colocar embaixo das rodas, e ele mesmo desatolou o carro. Ele disse que os pneus da frente eram de verão!!! Para subir tivemos que pegar embalo e rezar!!!
Rezei muito para não cairmos em precipícios ao longo do caminho!
Essa era a parte plana da estrada. Na "pirambeira" não consegui rezar e tirar fotos!!!
Bom, mas a novela das correntes não termina aqui.
Fomos de Ankara para Konya e de lá para Antalya, no mediterrâneo. A temperatura em Antalya estava 15 graus positivos, contra os 15 graus negativos de Konya!
Saímos sem corrente. Konya estava com 2 metros de neve nas calçadas, mas as ruas estavam transitáveis.
Pegamos a estrada e um pouco antes de uma serra, que o Tomás disse que atravessaríamos para chegar ao mediterrâneo, vimos uma fila de caminhões parados. Achamos estranho, mas como alguns carros estavam seguindo, fomos em frente.
Começamos bem, uma serra linda! Em um determinado momento, o carro começou a patinar para subir. A reza começou!!! Quando chegamos lá no alto, praticamente sem visibilidade e no meio de uma nevasca, vimos que seria impossível descer aquela pirambeira sem a corrente. O Tomás, gato escaldado, não estava muito animado para colocar a corrente. Para incentivar, saí do carro toda encapotada para ajudar. Depois de 10 minutos no vento com chuva de granizo, entramos no carro para pensar uma estratégia melhor, consultar o manual da corrente e aquecer. Nesse momento chegou um reboque.
O Tomás e o nosso salvador ficaram na neve e as correntes foram colocadas. O Tomás super agradecido deu 100,00 Liras Turcas que correspondem a 100,00 Reais. Valeu cada centavo! Começamos a descer!
Com muito mais segurança, descemos alguns quilômetros, mas logo a neve sumiu e ficamos novamente com problemas. Precisávamos percorrer mais 150 kms e com as correntes tínhamos que andar a 50 Kms por hora. Paramos em um posto e outra pessoa nos ajudou.
Resumindo!!! Carro sem pneu de neve no inverno, nunca mais!!!
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Outra história divertida foi a minha experiência nos banheiros da Turquia, a qual eu não recomendo para ninguém!
Banheiro no meio da estrada não é bom em nenhum lugar do mundo, mas, quando começamos a andar mais no interior no interior da Turquia, o problema ficou bem maior!
Um dia entrei no banheiro de um shopping e levei o maior susto. No banheiro tinha dois tipos de cabine. A primeira com vaso como estamos acostumados, a segunda, com um buraco no chão.
Levei o maior susto, fui no banheiro normal e depois entrei no outro só para fotografar! Achei a maior graça!
O problema foi quando a graça acabou!!! Em um dos banheiros da estrada, naquele que você já está desesperado para fazer pipi, entrei no banheiro e só tinha aquele tipo de buraco!!!! Quase morri! Tenho que dizer que foi uma das experiências mais nojentas do mundo!!! Não recomendo!
A experiência do banheiro continuou. Em outro trajeto pelo interior, entrei em um banheiro que tinha as duas cabines novamente. Tenho que dizer que já entro no banheiro rezando! Achei graça porque além da pia na altura normal, tinha uma pia mais baixa e, na frente dela, um chinelo. Tinham várias dessas pias e vários chinelos. Fui ao banheiro normal e quando saí tinha uma senhora vestida com uma abaya, aquele roupão preto que elas usam sobre as roupas.
Enquanto lavava a mão fiquei acompanhando o ritual. Ela tirou as meias e o sapato, pegou o chinelo e foi ao banheiro de buraco. Não acompanhei o final da história, mas ficou claro que as pias eram para lavar os pés. Cada país com a sua cultura!
Fiquei muito agradecida com a invenção do vaso sanitário!!!
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Quem já não teve vontade de ir a uma praia no Mediterrâneo? Na nossa viagem incluímos um balneário no Mediterrâneo, a cidade de Antalya! Reservamos um resort na frente da praia, mas já sabíamos que não ficaríamos na praia porque a temperatura estaria em torno de 15 graus.
Tenho que admitir que planejamos passeios pela praia. Chegamos na cidade e estava chovendo. No dia seguinte, com um lindo de sol, saímos para passear e resolvemos andar na praia. Vocês não podem imaginar o vento!!!! Não dava nem para colocar o casaco, depois de sair do carro.
Toda agasalhada, insisti em andar até a praia, mas guando chegamos lá demos de cara com uma cena inusitada. Tinha uma vaca morta na beira da água!!!
O que essa pobre vaca estava fazendo ali eu não tenho a menor ideia, mas o Mediterrâneo nunca mais vai ser o mesmo na minha imaginação!